
Capa do New York Times com matéria sobre o Santa Marta (foto: Bruna Prado)
Moradores da comunidade Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, receberam destaque na primeira capa de um dos jornais mais importantes do mundo: The New York Times. O grupo, formado por 12 pessoas, é responsável por criar há um ano um sistema próprio e voluntário de sanitização contra o vírus na localidade. A iniciativa colhe resultados e coloca a Santa Marta como a primeira do mundo a fazer a própria desinfecção.
“Estamos muito felizes com todo este reconhecimento e ainda mais motivados a combater este inimigo invisível”, comemora Thiago Firmino, idealizador do projeto “Santa Marta contra a Covid-19”. A ideia teve início em abril do ano passado quando Thiago ficou sem trabalho como guia turístico por causa da pandemia. Foi então que resolveu chamar um grupo de amigos, fez uma vaquinha virtual e gerou a quantia necessária de recursos para a compra dos equipamentos. “Não dava pra ficar esperando o estado, o governo, os políticos ou seja quem for. Só aparecem na favela quando tem voto, quando não tem cada um fica na sua casa e seja o que Deus quiser”, disse o morador que também se movimenta para buscar doações de cestas de alimentos para a comunidade.
De início, a equipe usava água sanitária e quaternário de amônio. Cada equipamento pesa em torno de 30 quilos, mas não foi empecilho para que os “caça-coronavírus“ subissem ladeiras, escadarias, becos e ruelas. Hoje, a sanitização é feita com nanopartículas de prata, uma fumaça que mata o Covid em apenas 30 segundos. O trabalho dura em torno de três a quatro horas e segue todo um ritual de colocação dos equipamentos que são semelhantes aos usados em Wuhan, na China, desde que a pandemia começou. No caminho eles enfrentam 400 degraus até uma região da favela e outros 788 degraus na volta. Mas o trabalho tem valido à pena. Dados oficiais apontam que 44.799 moradores de comunidades do Rio de Janeiro tiveram a Covid-19 com mais de 4 mil mortes. No ranking dos que mais sofrem com a pandemia no município, a Santa Marta aparece lá atrás com 226 casos e 8 mortes. Os números são acompanhados pelo projeto com a ajuda de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ).
O desafio agora é dar continuidade às sanitizações que aconteciam todos os sábados, e agora, somente duas vezes ao mês. “Infelizmente, as doações diminuíram bastante”, lamenta Thiago. De acordo com o morador, cada litro do produto custa R$180, sem contar outros custos com gasolina para funcionamento do motor e alimentação da equipe. Uma campanha coletiva está aberta no site da benfeitoria para apoiar as ações com meta de R$5 mil. Para quem quiser ajudar, o link é:
benfeitoria.com/santa-marta-contra-a-covid19-oll
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